sexta-feira, 21 de maio de 2021

Da saturação

E eis que ontem, na maior naturalidade, eu disse:
"quero ir logo porque já deu; tem três semanas que já deu"
Tem três semanas

quarta-feira, 19 de maio de 2021

Dos trechos

Quando eu era bebê, (bem, eu não lembro, mas há os registros que me servem de guia) tínhamos, no Montese, um móvel, grande, cheio de livros e enciclopédias. Tudo organizado, separado por coleções e (se duvidar) por autores. Eu falo "tínhamos" porque não importa o quão bebê eu era: decidi, há alguns anos, que havia me apossado dos teus livros lá atrás ... Na Cajazeiras, transformou-se em prateleiras largas e extensas: a coleção branca das letras douradas, as capas-duras do Jorge Amado, uns livros que ja tinham a aparência de velho devido ao papel-jornal, as Conhecer, os livros verdes de medicina natural...Um belo dia foram pra outra morada, foram expostos, foram misturados, foram...foram doados (ainda prefiro pensar que foram pouquíssimos), foram privados do sol e do vento. Passaram-se anos (mais de uma década, provavelmente)
{...}
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Acabei de ver uma foto, com um texto de dor e adoração...
O texto acima foi mais um que eu comecei a escrever e não consegui terminar: o cansaço da alma culminou no cansaço do corpo e eu dormi.
Tem o texto da música ainda. É mais um que eu comecei a escrever, apaguei, comecei de novo, mudei as frases e desisti (pelo mesmo motivo de ter dormido)...algum dia (sei que em breve) eu volto a escreve-lo.
Hoje foi um dia estranho. Vontade nenhuma de exercer o ofício. Compulsão. Impaciência. Risos e sorrisos pelos motivos errados. Silêncios. Incredulidade...
 
...
 
Nenhuma palavra serve.

quinta-feira, 13 de maio de 2021

Das duas semanas

 

Duas semanas.
Duas barras de chocolate.
Não tem terapia que dê jeito.
Não tem mantra que dê jeito.
Não tem foto que dê jeito.
Não tem cheirinho bom de erva que dê jeito.
Não tem lembrança boa que dê jeito.
Não tem mensagem enviada que alivie.
Não tem palavra de conforto recebida que conforte.
Não tem livro que compense.
Não tem print que amenize.

Silêncio! Nem o coração faz barulho.

segunda-feira, 3 de maio de 2021

Do ciclo

Quinta-feira passada, iniciou-se um novo ciclo.
Meu corpo, literalmente, começou a sangrar.
Sempre considerei meus ciclos como uma oportunidade de renovação, um momento de parar, me recolher, repousar e deixar o corpo passar pelo processo do modo mais confortável possível.
Esse ciclo, o de agora, está sendo diferente: sangro por dentro e por fora.
As emoções estão mais a flor da pele do que nunca: o sentimento de ausência, de não pertencimento, de falta, de estar inconsolável, o vazio, o silencio e as vozes internas, as fotos, os textos, os papeis, as lembranças diversas e plurais. Todas as coisas pulsam veementemente.

Daqui a 2 ou 3 dias, meu corpo parará de sangrar.
Quanto de sangue uma alma consegue derramar?