segunda-feira, 29 de abril de 2024

De onde há vida


Hoje é mais um ciclo que se completa. 1, 2, 3 e contando... Suas irmãs e seu filho mais velho não deixam ninguém esquecer da data de hoje. Não que seja preciso, não que seja possível esquecer; mas é que pra mim tem dias - absurdamente aleatórios - que o sentimento vem absurdamente mais forte e todas as vontades vêm absurdamente com mais intensidade. Todas as mesmas de quando tudo aconteceu! Hoje te convidei pra comer um cuscuz com manteiga no café da manhã! O café com leite era só pra mim mesmo: você dizia que beber café ia te deixar mais preto☺ As lentilhas ainda estão de molho; optei por cuidar das plantinhas ao invés de fazê-las. Mexer na terra, sentir a vida de alguma forma. Também segui o ritual de ouvir Nelson e Joanna; dessa vez, acrescido de velas e incensos (azuis).
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Um dia inanimado

quarta-feira, 17 de abril de 2024

Da não linearidade

Há quase 3 anos, eu escrevi que nada resolvia, que nada bastava, nada qualquer_coisa. "A dor do luto não é linear", todos me disseram. Em um dia, você só quer morrer também e no outro dia você acorda agradecendo que está viva e querendo fazer todas as coisas possíveis de serem feitas enquanto há vida. Basta o final de uma série pro choro voltar, pra ausência se fazer presente, pra tentar vários subterfúgios que desfoque a dor. Incenso não resolve, vela com aroma não resolve, café com leite não resolve, não acalmam nem a alma e nem o coração. O choro começa e para do nada. A vida também.
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(texto interrompido porque
ele também não resolve)

domingo, 14 de abril de 2024

Do mosaico

        Foi lá em 2021 que, mais uma vez, meu coração foi dilacerado no âmbito do amor romântico. Eu já estava quase que totalmente dilacerada antes, é verdade. A ruptura foi o golpe final, o tiro no peito em quem já estava com o corpo todo baleado. Ali, eu já sabia que nunca mais iria me reerguer novamente; não pelo golpe final, mas pelo golpe da vida mesmo (ou: pelo golpe da morte, sendo mais coerente).
        Eu sabia que nada, nunca mais, iria ter tanto brilho como antes; que nada, nunca mais, pulsaria em plenitude como antes; nada, nunca mais.
        Foi durante um banho, pós mentoria de 4a feira, que eu senti. Dentro de um abraço apertado, como quem tenta encaixar todas as minhas partes quebradas; numa respiração profunda, como quem tenta oxigenar para revigorar; num choro discreto, de quem tomou consciência do que sentiu.
        Tudo foi acontecendo tão calmamente, de modo tão orgânico, que eu não me surpreendi com o que senti e admirei cada parte dessa construção: cada piada com os carinhos com as pseudo-raivas com os memes com as músicas com os elogios com os "hoje não dá" com os "tá confirmado hoje?" com os "quando você pode?" com as gargalhadas com os presentes com as curiosidades não saciadas com as batatas não comidas com as batatas comidas com os prazeres extremos com o banco de 5 metros com o banco de 2 metros com o banco sem distância com os olhos brilhando com o gato amigo com a aposta ganha com as fotos das viagens com  ... tudo isso que estamos vivenciando.
        Você já entendeu? Eu amo você!