A Balada do Cárcere de Reading
I
E, embora eu fosse alma a sofrer, já nem sequer
Sentia a minha dor.
[...]
Apesar disso - escutem bem - todos os homens
Matam a coisa amada;
Com galanteio alguns o fazem, enquanto outros
Com face amargurada;
Os covardes o fazem com um beijo,
Os bravos, com a espada!
Um assassina o seu amor na juventude,
Outro, quando ancião;
[...]
Todo homem mata a coisa amada! - Nem por isso
Todo homem vai morrer.
II
Fomos dois barcos condenados na tormenta,
Cruzando um do outro a via;
Não fizemos sinal e não dissemos nada...
Nada a dizer havia,
Pois nosso encontro não se deu na noite santa,
Mas no infamante dia.
III
Somente eu conheci a dor que o fez berrar
Com amargor tão forte,
E os remorsos violentos e suores sangrentos
De sua negra sorte:
Quem vive mais do que uma vida também deve
Morrer mais que uma morte.
IV
Quem peca vez
Segunda acorda uma alma morta
Para nova aflição;
Ergue-a do pálio maculado e novamente
A faz sangrar então;
Grandes gotas de sangue ainda a faz sangrar,
E a faz sangrar em vão!
[...]
Ele está em paz, [...] Ou logo em paz
Há de estar a alma sua:
Nada mais o perturba; e ali, ao meio-dia,
O Terror não o acua,
Visto que a terra úmida e sem luz em que descansa
Não tem nem Sol nem Lua.
V
Feliz o coração partido: pode a paz
Do perdão conquistar!
Senão, como o homem vai fazer reto o seu plano
E do Erro se limpar?
Como pode, a não ser por coração partido,
O Senhor Cristo entrar?
VI
Matam a coisa amada;
Com galanteio alguns o fazem, enquanto outros
Com face amargurada;
Os covardes o fazem com um beijo,
Os bravos, com a espada!
2 comentários:
que grandinho mesmo, vall *-*
vou ler de novo.
bateu saudade de ler coisas assim de novo.
besito, amor.
cibele.
Demorar a "engolir"? Que é isso!
Ruminar é uma arte!
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