Era final de 2014, cheguei em casa e vi o vidro, retangular e transparente, tingido parcialmente de amarelo-ouro-envelhecido. Além do susto por ver algo inesperado, fiquei me questionando o porquê daquilo, fiquei tentando entender como que aquele vidro ajudava em algo. Não tive respostas...
Passados seis anos e meio, me vi com um vidro esverdeado tingido de vermelho. Lá estava eu, de modo prático, naquela experiência. Não foi bom (foi péssimo, em verdade). Eu sabia que estava fazendo do jeito errado, que não iria mesmo funcionar naquelas condições.
Posteriormente, fiz outra tentativa: dessa vez, usando um vidro transparente tingido de um-transparente-delicadamente-puxado-pra-baunilha-(a flor). Não foi uma experiência ruim, mas eu sabia que ainda não era aquilo; não podia ser aquilo, não justificava, não ajudava quase nada, meio que não valia a pena (na minha cabeça, precisava, realmente, valer a pena).
Foi só na terceira tentativa, usando um vidro transparente tingido de transparente-brilhante que eu senti a experiência surtindo efeito. Tudo fez sentido, ainda que nada estivesse fazendo sentido. Tudo ficou claro; claro como neve. Era o segundo final de semana de agosto. Embora visse tudo, eu não enxergava nada em meio aquele espaço, agora, cor de neve. Não havia muitos movimentos também: ambientes nevados induzem um estado de recolhimento, de quietude, de apenas estar ali olhando sem sentir. Pronto! Tinha conseguido, tinha entendido, tive a vivência, estive presente naquele momento que só existe uma vez (e que durou o domingo quase todo).
No fim de semana passado, resolvi testar outro vidro transparente tingido com uma mescla de amarelo-ouro-claro e roxo-jabuticaba. Foi um teste aleatório; eu já supunha que não valeria a pena: não gostei da experiência (e foi aqui que eu vi que nem sempre precisa valer muito a pena).
Para esse final de semana, há um vidro azul tingido de transparente.
Não há mais um objetivo definido.
Há 4 anos